
PRODUÇÃO A QUALQUER CUSTO
MERCADO RUSSO
No geral, o prognóstico a curto prazo para a economia russa é favorável, com taxas de crescimento projetadas entre 1,3% a 1,4% no período entre 2017 e 2020. A agricultura, em particular, deverá se beneficiar pelo considerável crescimento em 2016, apoiado na expansão de uma boa safra de grãos. Um dos fatores que deve influenciar positivamente o mercado russo interno é a valorização dos profissionais para assim inserir melhorias no desenvolvimento econômico geral e no aumento dos níveis salariais. Porém o setor agrícola deve melhorar a produtividade do trabalho se quiser continuar a ser competitivo com outros setores. Mas ainda no mercado russo a falta de mão-de-obra qualificada também é uma profunda desvantagem que precisa ser abordada.
Vale ressaltar, que, embora se espera que a Rússia cresça modestamente a curto prazo, suas perspectivas de crescimento a longo prazo, continuam sendo limitadas pelo baixo crescimento da produtividade total de alguns fatores como a baixa valorização russo no profissional que trabalha com o agronegócio
De acordo com relatórios da BMI, o crescimento do consumo de carne de aves e carne de bovinos permanecerá restrito ao longo de 2017. Mesmo a Rússia tendo uma mercado interno em crescimento no mercado de aves. Devido a preços elevados e baixa renda familiar, as restrições comerciais reduzem o fornecimento de carne disponível aos consumidores russos.
A produção de carne de aves e carne de suínos, por sua vez, verá ganhos à medida que os agricultores domésticos buscam preencher a lacuna deixada pelas proibições governamentais nas importações, até final de 2017. Essa proibições por sua vez trazem como principal fator o embargo das carne suína brasileira.
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O embargo das carnes que ocorreu no final de 2017 trouxe grandes especulações sobre os motivos da suspensão da exportação do setor da agroindústria. Isso pode ter ocorrido principalmente por conta do crescimento do mercado russo no setor agrícola. Segundo dados do Ministério da Agricultura da Rússia o aumento nas exportações neste setor subiram 22,1% em 2017 em comparação ao ano anterior, e a expectativa do governo é de um aumento de mais 5,8% neste ano.
O Presidente do Centro de Microfinanciamento Russo, Pavel Sigal, avalia como positivo o crescimento do mercado russo. "O aumento da produção agrícola no país é um dos fatores mais importantes do crescimento de exportações”. Sigal vê que a desvalorização do Rublo (Moeda russa) contribuiu para o processo de crescimento do setor agroindustrial.
Um dos setores que mais vem crescendo no cenário russo é o mercado da suinocultura. Em uma perspectiva russa divulgada pela Embrapa, o mercado de suínos deve ser o que mais vai crescer até 2020 cerca de 4,5% ao ano no país. Porém, mesmo com uma possível ascensão no mercado pecuário a situação russa não é mais favorável, o mercado ainda não está apto para suprir suas necessidades internas tendo que importar 10% da carne suína que é consumida pela população russa .

Arte: Henrique Silvani
Em um estudo da Embrapa sobre o mercado russo, os pesquisadores Mário A. Seixas e Elísio Contini veem que os investimentos do mercado russo no mercado agrícola vão ter sucesso limitado até 2021. Além disso de acordo com as conclusões dos estudos e previsões da BMI, o recente aumento nos investimentos das empresas russas para aumentar a produção pecuária, buscando ganhar quotas de mercado no mercado interno e no exterior, não terá um grande sucesso nos próximos cinco anos.
O governo russo em contrapartida disso está estimulando empresas locais à aumentar suas produções para alavancar o mercado e a moeda do país. A Ros Agro pretende levantar capital através da venda de ações listadas no Reino Unido e investir, entre outras, em fazendas de suínos. Outra empresa russa à Miratorg, o maior produtor de carne de suínos e carne bovina do país, anunciou uma ambiciosa estratégia de expansão, incluindo metas para expandir as exportações, impulsionadas pela fraqueza estendida da moeda local (rublo).
Em 21 junho de 2017, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e o Serviço Federal Alfandegário da Rússia, firmaram o Protocolo de Cooperação, Informação, Intercâmbio e Assistência Mútua no Sistema de Preferências Tarifárias da União Econômica Euroasiática. O documento visa acelerar a internalização das mercadorias brasileiras que utilizam o Sistema Geral de Preferências (SGP) no território russo. Entre os produtos brasileiros beneficiados pelo sistema estão carnes bovina, suína e de frango, que representam quase 45% de todos os embarques brasileiros para o mercado russo.
Em 2016, a exportação desse tipo de produto chegou a US$ 2,3 bilhões. O SGP russo é o regime tarifário especial oferecido a países em desenvolvimento e configura-se como a única preferência tarifária existente nas relações comerciais entre Rússia e Brasil. Em média, o SGP russo reduz em até 25% as tarifas aplicadas sobre a importação de produtos brasileiros.
Por uma contrapartida Russa, o Brasil desenvolveu e implementou o Sistema SGP, que possibilita aos fiscais aduaneiros russos verificar a autenticidade e o conteúdo dos Certificados de Origem, emitidos pelo Brasil e destinados ao mercado russo. Esse mecanismo de consulta objetiva melhorar a segurança nos procedimentos de despacho aduaneiro, haja vista que o sistema possibilitará que o fiscal aduaneiro russo verifique a autenticidade das informações inseridas no formulário específico para a solicitação do enquadramento das exportações brasileiras no SGP, reduzindo substancialmente os questionamentos daquele governo sobre a validade do documento apresentado.
Após meio ano da data de embargo, o adido agrícola da Embaixada do Brasil em Moscou, Cósam de Carvalho Coutinho diz já ter passado tempo suficiente para cálculos, estatísticas econômicas e uma possível suspensão definitiva da exportação ao país russo, o que não ocorreu. “O mercado russo é um mercado muito importante para o Brasil. O que nós temos tentado e o que nós viemos fazendo durante esses quatro meses é o seguinte: primeiro, tentar atender tudo aquilo que o lado russo tem solicitado", o adido brasileiro indica ainda que há boas projeções para o futuro e que logo o Brasil retornará com as exportações para a Rússia.